Hoje acordei triste. Sei que alguns de vós, se é que alguém visita este blogue, talvez esteja cansado desta ladaínha de miséria. Sim! Eu próprio estou farto de me olhar ao espelho e de me ouvir repetir para mim próprio que não tenho as mesmas oportunidades que os grandes nomes têm. E sei que isso é tão somente natural! Continuo, contudo, a afirmar que seria tudo mais justo se simplesmente as coisas fossem mais simples: se livros e histórias de diferentes autores pudessem estar lado a lado sem mais nada; se deixassem que o génio de cada escritor se revelasse nas palavras e dessa forma se votasse nos melhores; se o poder de elevar o escritor estivesse somente nas mãos de quem realmente tem legitimidade de o fazer - o leitor. Todavia, as coisas não são assim, e o leitor, a par com o escritor, é vítima de um conjunto de agentes que se associaram somente com fins lucrativos: às vezes são vítimas positivas, outros vezes não. Há dias alguém me enviou uma mensagem que dizia que os escritores, e artistas em geral, têm a mania de que as obras de arte não podem ser vistas como um negócio. Eu senti-me ofendido! Eu vejo o meu livro Império Terra como um negócio e procurei trata-lo como tal, divulguei-o da melhor forma que pude, e tentei de várias maneiras, que são poucas pois poucos são os meus recursos, lutar contra o preconceito que ataca incondicional e fatalmente todos os que chegam. Mas nada mais consegui do que dar murros em pontas de faca, esmurrar paredes até as mãos latejarem em sangue. Existe uma espécie de Muro de Berlim, que é ao mesmo tempo o meu Muro das lamentações, que não deixa passar quem ainda está deste lado; quem tenta nada mais consegue do que as lamentações; quem tenta passar para o lado de lá é assediado pelos monstros do desconhecimento, da indiferença, pelos soldados da ignorância que apontam as suas espingardas carregadas de silêncio e desprezo aos corajosos para lhes provar que de nada lhes adianta gritar porque se recusam a ouvi-los; aquela Cortina de Silêncio só é transponível para aqueles com salvo conduto, para aqueles que cujo reconhecimento público é demasiado forte para serem afrontados pelos monstros acima referidos, para quem a voz, eventualmente fraca, é à prova da bala da ignorância, porque os ignorantes não distinguem a imagem do saber, confundem papeis, porque pensam que ser famoso é suficiente para se fazer o que quer. E depois, também, há quem a consiga transpôr porque tem outros recursos, porque pode subornar os guardas, porque conhece alguém que se disponibiliza a resgatá-lo das garras do anonimato e a acompanha-lo nesse viagem. Não me cansarei de dizer que são muito poucos aqueles portugueses que singram nas prateleiras das livrarias por si sós. Nesta guerra eu fui sabotado: os meus livros foram expostos por pouco tempo e em prateleiras viradas para o interior das livrarias. Por isso, por tudo isto, eu hoje acordei triste mais uma vez. Sem vontade de continuar a lutar, sem ver alternativas senão submeter-me à vontade ditatorial de quem manda como todos os homens que sabem estar certos, mas que nada podem fazer para mudar o mundo. Tudo o que pedi foi uma oportunidade... Mas a Pena não será deposta! Neste blogue, todavia, que foi criado para divulgar o livro Império Terra, não mais falarei sobre dificuldades; contudo, como sobre a divulgação de Império Terra só me ocorrem dificuldades, talvez não fale mais...
1 comentário:
Não, não pode ser assim. Que vai ser de mim, um proto-escritor, se quem está agora a ascender desistir?
Descobri hoje o teu blog, mas vou estar cá para apoiar. Não desistas, nem deixes de escrever no blog aquilo que te vai a alma.
No entanto, não é com lamentações eternas que vamos lá, não é mesmo. Visita foruns ligados ao género, blogs, fala com os responsáveis de certos sites sobre o género sobre os teus livros e a possibilidade de referência lá. Imprime panfletos e deixa em livrarias (se conheceres alguém de fnacs ou assim a quem possas pedir autorização, excelente!), ou na rua.
Tens imensas hipóteses, não desistas!
Se precisares de links ou contactos, diz qualquer coisa! Não falo de cunhas (estou absolutamente contra!), falo de tentar fazer chegar a informação onde é preciso (onde esta possa ser analisada e avaliada :P).
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