No passado dia 26 de Abril, conforme havia anunciado neste blogue, realizou-se uma tertúlia na Fnac de Alfragide... Quer dizer: tentou-se. Eramos três, embora devessemos ser quatro. A única senhora do «Painel», perdõe-me a imodéstia, não compareceu. Pelo que eu, e mais dois, lá avançamos, temerários, de microfone em riste qual guerreiros de uma causa quasi perdida. O objectivo que nos fora transmitido pela nossa Editora - a Papiro - era encetar uma conversação sobre as tendências da literatura, tendo por base os mecanismos de criação literários por nós utilizados na elaboração das nossas obras que, claro está, iriamos apresentar. Ora nem foi necessário abrirmos a boca, bastou que nos sentassemos à mesa dos microfones, para que 90 % das pessoas presentes fugissem - não estou a exagerar, só não correram porque em pouco mais de três passadas estariam fora do espaço! Foi o ponto final de uma tertúlia que não começou. Não me levem a mal, mas nós que escrevemos gostamos de ser lidos, e gostamos que nos escutem quando falamos de nossa paixão; no entanto, não há paixão que resista a tamanho balde de água fria. Por isso, apresentamos as nossas obras, e ainda falamos um pouco das dificuldades de penetração no mercado para os novos autores que sem apoio algum - repito-o - teimam em continuar de pena erguida. É claro que perante o interesse da audiência não houve clima para partilhar o nosso processo criativo e deixamos de falar para o boneco passado 30 minutos. E claro é, também, que não posso deixar de me perguntar se teria sido aquela a reacção a uma tertúlia com alguns jornalista da praça, ou apresentores de televisão? Mas sobre isso haveria muito mais a dizer, só que eu não tenho tempo...
5 comentários:
Colega: Bem vindo ao mundo da escrita daqueles que não são figuras mediáticas... É uma luta dura, sempre em inferioridade numérica, sempre com poucos meios, sempre sem reforços... Estamos sempre a descoberto na praia, enquanto outros estão bem entrincheirados nas falésias. Por vezes, até temos inimigos entre as nossas fileiras! Como o sei! Mas são essas lutas que nos fazem sermos melhores, que nos dão garras e abrem os olhos. As adversidades tornam-nos escritores de alma e coração, enquanto outros são apenas... escritores de momento.
Sim, as pessoas preferem uma tardinha no Jumbo, a aturar uma tertúlia literária... Sim, se certas apresentadoras de TV publicassem um livro em chinês, a malta ia comprá-lo na mesma...
As minhas personagens não se rendem, nem que todo o mundo esteja contra elas, porque o iria eu fazer?
Sim, este é um país ingrato... Muito. Mas é o que temos.
A luta nunca termina! Coragem!
Visita-me em:
http://vozdecelenia.blogs.sapo.pt/
http://www.freewebs.com/pedroventura/index.htm
Infelizmente é assim, mas não é só na literatura! Em tudo e mais alguma coisa, se isso não for mediático...
Enfim, acho que seria bom se conseguissemos criar um círculo de pessoas interessadas pelo género, de vários pontos do país, e assim pelo menos já havia algum público mais ou menos garantido para a maior parte dos eventos...
Já agora, quantas pessoas estiveram lá, por curiosidade? ;)
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